Política econômica

Copom corta Selic para 11,25% ao ano, e sinaliza manter ritmo

Comitê de Política Monetária tomou a decisão de reduzir a taxa Selic em 0,5por unanimidade.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BCB (Banco Central do Brasil) decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 11,25% ao ano. O índice básico de juros brasileiro está em queda desde agosto de 2023, quando o percentual estava em 13,75% ao ano.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual o presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira. Não houve votos contrários à redução neste percentual.

“O ambiente externo segue volátil, marcado pelo debate sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países. […] Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom.”, aponta o BCB, em nota oficial.

O órgão regulador da economia destaca que a conjuntura atual reflete um “processo desinflacionário que tende a ser mais lento”. Por isso, as expectativas de inflação demandam “serenidade e moderação na condução da política monetária”. Como consequência, a “política monetária contracionista” – ou seja, com juros elevados – deve se manter até “que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

“Os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, destaca o comitê.

O que é a taxa Selic

O Brasil tem histórico de juros altos. A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) foi criada em 1979 durante a crise de inflação sofrida na Ditadura Militar após o “milagre econômico” do início daquela década. Ela serve com balizador de todas as outras taxas de cobrança do país, tais como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

O maior índice da Selic ocorreu em 1989, em um período de hiperinflação e quando os juros eram calculados todos os dias. Segundo a B3, em 2 de fevereiro daquele ano, o índice apurado foi de 3,626% no dia. A maior Selic acumulada em 12 meses foi registrada em 26 de dezembro de 1989, quando a taxa composta atingiu inacreditáveis 115.334,03%.

Mas foi só a partir de março de 1999 que a meta para a taxa Selic passou a ser considerada para fins de política monetária. Naquela época a taxa foi fixada em 45%, após a turbulência causada pela Crise dos Tigres Asiáticos (1997) e do início do “câmbio flutuante” do Real junto ao Dólar (1998).

Entre ciclos de altas e baixas, a Selic ficou oscilando entre 8% e 19% nos governos Lula 1 e 2 (2003-2010) e Dilma 1 (2011-2014). Mas foi no governo de Michel Temer que os juros começaram a cair: passaram de 14% em outubro de 2018 para 6,5% em dezembro de 2018. No governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), houve a mínima histórica de 2% em agosto de 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Depois veio, com aumento da inflação, houve um choque dos juros sobre a economia brasileira, que teve 12 altas seguidas, chegando até os 13,75% em 2 de agosto de 2022.