Calorão fora de época preocupa fruticultores gaúchos

Falta de temperaturas baixas pode atrapalhar a safra gaúcha

O inverno é a época do ano onde as temperaturas mais se aproximam dos 0ºC. Ondas de frio – de três, quatro dias – nos fazem “quase congelar”, mas aquecem a economia, principalmente na Serra gaúcha. Mas este não é o caso de 2015. Após a chuva intensa em julho, agosto tem sido marcado pelo forte calor, onde as máximas têm se aproximado dos 30ºC.
E a intensidade das temperaturas altas para esta época do ano tem deixado preocupados os fruticultores gaúchos. Conforme a Emater/RS-Ascar, as atuais condições climáticas estão antecipando o florescimento de variedades precoces de pêssego, mesmo em locais de altitude maior do que a dos vales. “As temperaturas mais elevadas dão início ao ciclo das plantas, que até então estavam no período de dormência”, explica o assistente técnico estadual em Fruticultura da Emater/RS-Ascar, Antonio Conte.
A ocorrência de geadas até meados de setembro é rotineira, segundo Conte, expondo as plantas a sérios riscos de perdas. Na safra passada, por exemplo, temperaturas de até -4ºC, ocorridas na metade de agosto, praticamente dizimaram a produção das variedades de pêssego, trazendo muitos prejuízos aos produtores.
Clima fora do padrão atrapalha safra
Os dias de sol ajudaram na realização da poda seca e de tratamentos fitossanitários nos pessegueiros. Pomares de variedades que se adaptam bem ao calor já se encontram com as frutas em estágio avançado.
Na Região Sul do Estado, conforme boletim da Emater/RS-Ascar, os pomares de pêssego estão em floração, pois acumularam apenas 180 horas de temperaturas inferiores a 7,2ºC, quando a média histórica é de mais de 324 horas para o período. Por isso é registrada uma floração desuniforme nos pessegueiros, o que atrapalha na produção da planta.
O calor e as poucas horas de frio acumuladas pelas plantas também preocupam os produtores de ameixa da Serra gaúcha, que agora realizam os últimos tratamentos fitossanitários de inverno, com a utilização de caldas nos pomares. Alguns produtores irão utilizar produtos sintéticos para quebra de dormência, a fim de buscar uma floração mais uniforme e minimizar os efeitos da falta de frio.